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Chaptalização: Açúcar no vinho?

Atualizado: 18 de mar. de 2021

No século XVIII, o químico francês Jean-Antoine Chaptal propôs o método de chaptalização, que consiste na adição de açúcar ao vinho para elevar o teor alcoólico da bebida. A técnica ainda hoje é utilizada, mas por que recorrer ao açúcar para tornar o vinho mais alcoólico? E, ainda, por que esse método gera tanta controvérsia? Prossiga na leitura que aqui a gente te explica!



Basicamente, o Método de Chaptalização é este: adicionar açúcar ao vinho durante o processo de fermentação para que o álcool seja elevado, resultando numa bebida de maior percentual alcoólico. Isso é feito porque, em muitos lugares, existe uma porcentagem mínima de álcool definida por lei para os vinhos, também por que há um valor mínimo para que o vinho receba nomes como Reserva ou Gran Reserva, por exemplo. Ou seja, se as uvas não geram a graduação alcoólica necessária, a chaptalização garante que isso aconteça!


Muitos são os fatores para essa falta de açúcares nas uvas, desde variações climáticas (como excesso de chuvas ou temperaturas muito baixas), até problemas durante o plantio, a partir dos quais as uvas sofrem bastante para atingir a maturação. Ainda sim, o processo é controverso, há produtores e consumidores que defendem o método como uma técnica enológica válida, outros, porém, defendem a mínima intervenção nos vinhos e consideram a chaptalização quase uma enganação, uma forma de adulterar a bebida!

Este debate foi bastante intensificado após um caso que terminou no tribunal de Bordeaux. Em 2018, autoridades francesas entraram com um processo contra o Château Giscours, de uma vinícola de Margaux, por chaptalizar ilegalmente dois tanques de vinho da safra de 2016. Os lotes eram uma mescla das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, sendo que esta última cepa, segundo regulamentos locais, estava proibida de ser chaptalizada. A vinícola não negou ter adicionado açúcar ao vinho, mas disse que havia solicitado e recebido a permissão do órgão regulador e que jamais tentaram burlar a lei. O resultado: multa de 200 mil euros e pena de três meses de prisão a dois diretores da vinícola pelo ocorrido! Como se não bastasse a polêmica, durante o processo contra a vinícola, seu proprietário, o empresário holandês Eric Albada Jelgersma, morreu em sua casa na Suíça.


O tema é controverso e gera muitas intrigas, mesmo entre os especialistas. Vale lembrar, porém, que a chaptalização é um método tradicional usado pelos viticultores, desde o século XVIII, para aumentar o teor alcoólico do vinho e que , mesmo os romanos, durante a Antiguidade, já utilizavam o mel para potencializar a bebida. Ainda, a prática é cada vez menos utilizada, a massiva maioria dos produtores prefere adotar outros métodos para aumentar o álcool do vinho. Lembro que (ainda que esta técnica não seja a ideal) quando a chaptalização é aplicada acrescenta-se 1% ou 2% de álcool por meio do açúcar, os produtores não têm a liberdade para colocar no vinho a quantidade de açúcares que desejarem. Outros especialistas apontam para o fato de que o problema não está na técnica mas nas uvas - se a fruta não atingiu a quantidade de grau necessário para o vinho ela resultará numa bebida desequilibrada, e isso independe da chaptalização. Há, ainda, aqueles que entendem que sem a chaptalização muitas safras seriam perdidas, pois as uvas apodreceriam aguardando possuir a concentração adequada de açúcares internos.



Enfim, o tema é complexo, o importante é, antes de condenar, entender o porquê do uso da Chaptalização!

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