Capítulo denominado "Consumo de Carnes e Seus Ritos no Antigo Egito" publicado na obra, Oriente 23: Estudos Sobre Oriente Médio editada pelo Projeto Orientalismo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
No Egito faraônico as proteínas de origem animal (carnes, ovos, leites e seus derivados) eram amplamente valorizadas, desde as refeições cotidianas até festins e cerimoniais excepcionais, servidas com pompa às mesas dos egípcios, sobretudo nobres e aristocratas. Segundo Edda Bresciani, egiptóloga italiana, “em todas as épocas, os habitantes do vale do Nilo tiveram uma alimentação variada e suficientemente equilibrada em proteínas e vegetais”, pelo menos dentre as elites locais.
Olhar para as dietéticas carnívoras da Antiguidade nos permite observar diversos modelos de contato entre animais humanos e não-humanos, de modo que podemos reavaliar e refletir eticamente os contatos e tratamentos que mantemos com as demais “espécies companheiras” (emprestando a terminologia de Donna Haraway). Em tempos de indústria da carne e de novas práticas, por vezes questionáveis, da moderna pecuária industrializada, buscamos edificar novas formas de relacionamento com o consumo de produtos de origem animal.
Apresento neste texto uma breve análise a respeito do consumo animal na sociedade faraônica, visando compreender melhor a relação dos egípcios com a carne e seus papéis na sociedade, cultura e religiosidade egípcias.
Embora o recorte se dê nas carnes convêm ressaltar que a maior parte dos alimentos consumidos pelo povo egípcio na antiguidade era constituída por verduras, legumes, frutas e, sobretudo, grãos, uma vez que a maior parte da população não possuía acesso diário às proteínas animais.
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