Donna Haraway, uma Crítica ao Veganismo
- Felipe Daniel Ruzene

- 18 de dez.
- 2 min de leitura
Partindo dos escritos da filósofa estadunidense Donna Haraway, este artigo investiga as “tensões produtivas” entre sua obra e os ativismos pelos direitos animais, veganismo e vegetarianismo. Partindo das discussões relativas à história da alimentação e das relações entre humanos e não-humanos, este texto traz uma síntese das críticas de Haraway ao humanismo e aos direitos humanos, bem como seus manifestos por relações éticas nas alimentações e convívios interespécies.

Recorrendo a diversos escritos harawayanos, especialmente suas considerações presentes em Quando as espécies se encontram (2008), além de outras/os autoras/es que abordam as relações entre alimentação, consumo animal, veganismo, feminismo, direitos humanos e perspectivas interespécies. Observa-se, pois, que a posição de Haraway suspeita da capacidade do veganismo (especificamente o seu aspecto abolicionista/radical) de escapar à violência interespécies e à imposição humanista, embora perceba a importância da crítica e do ativismo vegano (como posições éticas) para a desnaturalização da crueldade e práticas de consumo de outras espécies.
Donna Jeanne Haraway é uma bióloga estadunidense, especialista em literatura e filosofia, doutora em biologia molecular e desenvolvimento celular pela Universidade Yale, professora do Departamento de História da Consciência e de Estudos Feministas na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, nos Estados Unidos. Haraway é uma acadêmica amplamente reconhecida nas áreas de estudos das ciências, tecnologias, feminismos e pós-modernidades.
Autora de diversos livros e ensaios fundamentais, sua obra relaciona temas que vão desde gênero e sexualidade até ficção científica e análises da relação natureza-tecnologia no intuito de questionar discursos naturalistas. Dentre esses muitos temas, a pensadora dedica um amplo espaço de seu trabalho para refletir a relação entre animais humanos e não-humanos, incluindo os debates relativos às dietéticas carnívoras e veganas, bem como à crueldade animal no biocapitalismo. Em virtude do trabalho altamente influente de Haraway no campo dos estudos animais, observo em suas análises um terreno profundamente relevante para (re)pensarmos a ética das relações interespécies – seja nos modos de vida ou nas práticas alimentares. Afinal, as gastropolíticas talvez sejam um dos campos mais privilegiados para refletirmos como certos animais se tornam reproduzíveis, matáveis e comíveis.
Achou interessante? O artigo completo e gratuito foi publicado pela Revista Mangút: Conexões Gastronômicas (UFRJ) e pode ser acessado no link abaixo:
RUZENE, F. D. Alimentação e veganismo em Donna Haraway: perspectivas do consumo animal no feminismo ciborgue. Revista Mangút: Conexões Gastronômicas. ISSN 2763-9029. Rio de Janeiro, v. 3, n.2, p. 30-44, dez. 2023.










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