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Alimento Espiritual: a história da alimentação na Igreja Cristã Oriental

  • Foto do escritor: Felipe Daniel Ruzene
    Felipe Daniel Ruzene
  • 2 de dez.
  • 2 min de leitura

Neste artigo apresentamos uma revisão bibliográfica das práticas alimentares e dietéticas no exercício da espiritualidade na Igreja Ortodoxa Oriental. Destacando que as religiões tem aspectos, cheiros e sabores diferentes, a pesquisa discute as alimentações, comensalidades, restrições, jejuns e seus profundos significados religiosos como formas de compreensão das múltiplas realidades socioculturais do outro pulmão da Igreja Cristã.


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Para tanto, recorre-se a um breve estado da arte sobre a relação entre religião e alimentação, bem como à análise das práticas alimentares em ambientes clericais e leigos ao longo da história da Fé Ortodoxa, sobretudo a partir dos ascetismos alimentares dentro das tradições orientais, mostrando como esses elementos influenciam a conexão com o sagrado. Enfatizando a necessidade de um olhar interdisciplinar para capturar as complexidades socioculturais da alimentação, apresentam-se as variadas influências da Igreja Oriental nas práticas alimentares de clérigos e fiéis, contribuindo para o autorreconhecimento e alteridade dos ortodoxos ante às diversas vivências do cristianismo.


É interessante observar como, nos cristianismos, encontramos variadas relações da cultura alimentar do primeiro século com os elementos hieráticos. O pão de cada dia, indispensável à mesa de ricos e pobres na Antiguidade, tornou-se clamor regular na oração ensinada por Jesus (Mt 6:11, Lc 11:3). Mesmo pão que se perpetuou na liturgia cristã a partir da Eucaristia praticada na última ceia – “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19). A própria figura de Cristo adquire na literatura bíblica diversas metáforas alimentares: Jesus é evocado como “pão da vida” (Jo 6:48), “videira verdadeira” (Jo 15:1), “cordeiro de Deus” (Jo 1:29); seu sangue é transfigurado em vinho (Mt 26:27-28) – símbolo da civilização no mundo clássico – e seus seguidores são o “sal da terra” (Mt 5:13).


Também observamos que as restrições alimentares estão nos exórdios dos textos bíblicos: ainda no Éden, Deus impôs a Adão e Eva que não consumissem os frutos da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:17). O pecado original mantém estrita relação com as práticas alimentares e, “com essa primeira imposição, Deus estabelecia o limite ao corpo”. Já no Novo Testamento, o primeiro dos ditos milagres de Jesus foi, justamente, o de transformar água em vinho (Jo 2:1-12) durante as celebrações de

bodas em Caná, e, em um outro momento, alimentou uma multidão multiplicando apenas cinco pães de cevada e dois peixes (Jo 6:5-15). De acordo com o Evangelho de Lucas (24:30-31), o Messias, após a sua ressurreição, só foi reconhecido em Emaús quando se sentou à mesa e partiu o pão. Assim, a partir dos relatos bíblicos, fica evidente que a história do cristianismo mantém notável relação com as práticas

alimentares – e que o comer e beber podem ser atos tão cristãos quanto o rezar.


Interessante, não? O texto completo foi publicado no primeiro número da Revista Oriente Cristão (GEHOC) e pode ser acessado gratuitamente no link abaixo:



RUZENE, Felipe Daniel. "Não só de Pão vive o Homem": Breve Análise Acerca das Práticas Alimentares na História da Igreja Cristã Oriental. Oriente Cristão, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 251–276, 2024.

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