Historiadores afirmam que foi a partir do Império Romano que a prática de consumo do vinho se difundiu amplamente por toda Europa. Tal foi a influência dos itálicos que os gregos chamaram a antiga região do sul da Itália de Enotria, ou Terra das Vinhas. O Império ruiu, mas o vinho ficou! Até hoje a Península Itálica, que abrigou o centro do mundo romano, permanece sendo um dos maiores e mais célebres produtores de vinho de todo o mundo. Neste post trazemos informações para ti que queres conhecer um pouco mais sobre os vinhos italianos, suas regiões vinícolas e seus processos enológicos!
Há, sem entrar em pormenores, algumas classes de vinhos produzidos na Itália, as principais delas são: os Vinos de Tavola, os IGT, os DOC e os DOCG.
Os Vinos de Tavola são aqueles produzidos em quaisquer das regiões italianas, sem procedência definida por lei, não podem trazer em seus rótulos o nome da(s) uva(s) utilizada(s), nem a safra e nem a região em que foram gerados - por isso alguns os chamam de vinho de mesa italiano. Apesar disso, esses vinhos representam 80% de toda a produção italiana. Cabe ressaltar que, embora não sigam as regras e normas daqueles de denominação restrita, nem sempre esses vinhos serão piores ou de menor qualidade. Há ótimas opções no mercado, alguns dos melhores vinhos da Itália estão nesta classificação! Temos também os Vinhos IGT (Indicazione Geografica Tipica), nomenclatura aplicada aos vinhos de mesa elaborados em regiões específicas da Itália. Estes podem trazer em seus rótulos o(s) nome(s) da(s) uva(s), a safra, a região de origem e o tipo do vinho.
Ainda, existem os Vinhos DOC (Denominazione di Origine Controlata), assim classificados desde 1963, são aqueles que provêm de uma das mais de 300 regiões vinícolas italianas. Estes representam apenas 15% da produção do país, pois devem ser produzidos com uvas específicas e métodos enológicos precisos definidos para cada uma destas regiões. A partir de 1982, criou-se também os Vinhos DOCG (Denominazione di Origine Controlata e Garantita) como uma forma de diferenciar os melhores vinhos da Itália, os mais precisos e renomados dentre os DOC.
Para compreendermos melhor podemos dividir as regiões italianas em cinco blocos, separados por suas especificidades geo-climáticas. São elas: Nordeste, Noroeste, Centro, Sul e Ilhas da Itália.
Nordeste Italiano
A região nordeste da Itália faz fronteira com a Suíça e a Áustria e possui três sub-regiões vinícolas, são elas: Friuli Venezia Giulia, Trentino Alto Adige e Veneto. O Friuli Venezia Gulia é famosa por seus varietais de uvas como Cabernet, Merlot, Pinot Bianco, Pinot Grigio e Tocai (a mais prestigiada dentre todas). Seus preços, contudo, ainda não são muito convidativos para nós brasileiros. A sub-região de Trentino Alto Adige é banhada pelo Rio Adige, nos Alpes da Itália, e possuí uma grandiosa fronteira com a Áustria. Tal área vinícola se divide em duas microrregiões: Trentino e Alto-Adige, ambas compartilham do clima gélido da região, mas cada uma com suas especificidades enológicas. Alto-Adige produz rótulos famosos de Traminer Aromatico (nome local para a uva Gewürztraminer), Carbenet e Pinot Nero. Trentino é conhecido por seus vinhos mais latinos, destacam-se os examplares tintos Terodelgo e Marzemino, além dos deliciosos espumantes a partir do método champenoise e do Vino Santo, um vinho branco licoroso. Por fim, temos Veneto (uma região de certa proximidade com o Brasil, pois desta região saíram muitos imigrantes que deram início a vinicultura na Serra Gaúcha), nesta área se destacam os tintos Valipolicella, os brancos Soave e os espumantes Prosecco.
Noroeste Italiano
A região noroeste da Itália se divide em quatro sub-regiões: Valle d'Aosta, Piemonte, Lombardia e Liguria. Todas elas são, quase completamente, encaixadas no continente europeu o que lhes garante um clima bastante frio, com temperaturas inferiores ao restante da península italiana. Em Valle d'Aosta são mais comuns as variedades de uvas autóctones (locais), da França e da Itália, algumas destas cepas remontam ao período romano na Europa. Barolo, Barbaresco e o espumante Franciacorta, são alguns exemplos desta região. Piemonte é a maior e mais famosa região vinícola do Noroeste italiano, produz ótimos rótulos das uvas tintas Barbera, Bonarda, Brachetto, Vepolina, etc., também as brancas Arneis, Chardonnay, Cortese, Moscato Bianco e muitas outras. Lombardia, região da famosa Milão, produz ótimos vinhos que infelizmente raramente chegam ao consumidor brasileiro, é famosa pelos espumantes e pelas tintas Barbera, Croatina, Cabernet Franc e brancas Chardonnay, Moscato e Pinot. Encerrando, há Liguria que produz vinhos pouco exportados, como em Lombardia, com destaque ao tinto Dolceacqua e o branco Vermentino.
Centro Italiano
O centro da Itália, conhecido como "cano da bota" (em alusão ao fato do mapa italiano se parecer com uma bota) é o que apresenta maior diversidade para a vinicultura, sobretudo por conta do clima altamente influenciado pelos mares, Jônico e Adriático, nos lados e pelos montes apeninos no centro. Esta área da Itália possui seis regiões vinícolas: Lazio, Toscana, Emilia-Romagna, Marche, Umbria e Abruzzo. Lazio, a região em que fica a capital do país, Roma, possui ao todo 30 denominações controladas. A Toscana possui, como um dos seus principais produtos, o vinho e o azeite, que são exportados para quase todo o mundo. Suas principais variedades são as tintas Sangiovese, Cilegiolo, Canaiolo Nero, Merlot e Cabernet Sauvignon, e as brancas Trebbiano e Chardonnay, produzidas a partir de uma das 59 denominações toscanas. Na região da Emilia-Romagna são produzidos Lambrusco, Sangiovese, Barbera, Trebbiano e Albana, principalmente, vinhos muito celebrados inclusive aqui no Brasil! A viticultura também é uma das principais culturas na região de Marche, lá 48% de toda a área destinada ao cultivo de vinhas são inscritas como Denominação de Origem, cerca de 11.040 ha. Em Umbria são 15 denominações a partir de diversas uvas. Por último, Abruzzo, uma região que possui nove denominações, nela há as famosas Masciarelli e Bonacchi.
Sul Italiano
A região mediterrânea da Itália, ao sul, possui altitudes menores e formam o salto e a ponta da bota. A alta incidência solar, a umidade proveniente do mar e o clima ameno são ótimas características para o cultivo de uva e produção de vinho. Suas sub-regiões são cinco: Puglia, Molise, Basilicata, Calabria e Campania. Puglia, a primeira destas regiões vinícolas, é mundialmente famosa pelos Primitivos, comumente marcantes e bastante perfumados. Molise possui 4 denominações e suas principais uvas são as tintas Tentilia, Sangiovese e Montepulciano, além das brancas Trebbiano, Greco, Cacaccione, Cacciadebiti e Bombino Bianco. Basilicata congrega 6 denominações, Calabria tem 13 denominações, Campania (a maior) possui 23, ambas as três sub-regiões apresentam grandes rótulos de Negroamaro, Primitivo, Fiano e Greco.
Ilhas Italianas
As ilhas italianas, Sardegna e Sicilia, possuem um terroir puramente marítmo e geram vinhos semelhantes ao do sul do país. Sardegna possui 20 denominações e a Sicilia 25, os brancos dominam a produção regional, sobretudo das uvas Catarrato e Inzolia, há bons tintos a partir de cepas como Nero d'Avola, Syrah e Merlot.
Seja onde for, no norte ou no sul desta bela península há vinhos maravilhosos. Se você não puder ir ao continente europeu para provar estas delícias, saiba que uma boa garrafa de vinho pode levar um pedacinho da Itália para você. Lembre-se: Un buon vino è un viaggio!
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