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  • Diferentes tipos de Rolhas

    As rolhas são símbolos dos próprios vinhos para o mundo dos enófilos, não à toa há quem guarde as rolhas de todos os vinhos que consome, com grande carinho, em recipientes cada vez maiores. Para muitos é indispensável toda a ritualística de sacar a rolha como parte da apreciação e degustação do vinho. Porém, as opções tem se multiplicado e hoje não só as antigas rolhas de cortiça são utilizadas para vedar nossa preciosa bebida. Rolha de Cortiça Este ainda é o tipo mais comum de rolha, começou a ser utilizado na vedação das garrafas de vinho no século XVII e desde então domina o mercado. A cortiça é um material natural, extraído da casca de Sobreiro ou Carvalho, bastante comuns em Portugal, nação responsável pela maior fabricação de cortiças do mundo. Para fazer tal extração a árvore deve atingir, no mínimo, 25 anos podendo ser extraído novamente a cada 9 anos, apenas. Este modelo é bastante longevo e impede que líquido e oxigênio entrem em contato, porém é mais suscetível ao mofo o que pode estragar a bebida. As próprias rolhas de Cortiça podem ser feitas de três modos: - Maciça: Este modelo é confeccionado somente de cortiça, portanto possuí grandiosa qualidade. Costumam ser bastante largas, longas e elásticas para que vedem muito bem as garrafas. - Aglomerado de Cortiça: Esta rolha é produzida a partir de cortiça moída, ou seja, do que resta da confecção das rolhas maciças, e um tipo específico de cola. O benefício é o valor, bem menor que daquelas com 100% de cortiça. A durabilidade e a elasticidade são menores e, é possível, que a cola interferira nos aromas dos vinhos. Para evitar isso, pode-se adicionar uma camada de cortiça maciça no local onde a rolha entra em contato com o líquido. - Champagne: As rolhas de Champagne se diferem por seu formato que rememora um cogumelo, com topo mais arredondado e base reta. A parte superior é feita com aglomerado de cortiça, visando a facilidade de remoção, e a parte inferior é maciça para manter intactos os aromas e sabores do vinho. Rolha Sintética Visando diminuir custos sem abrir mão da qualidade foi criada, nos anos 90, a rolha sintética. São mais baratas, não juntam mofo ou interferem nos aromas do vinho, porém sua durabilidade ainda é questionada. Justamente por isso são utilizadas para rótulos mais jovens, com menor potencial de guarda. Também, a rolha sintética não necessita de tanta umidade quanto as rolhas de cortiça, por isso seus rótulos podem ser guardados em pé. Rolha de Vidro Apesar de aparecerem timidamente no mercado brasileiro, as rolhas de vidro ganham cada vez mais adeptos. Foram introduzidas apenas nos anos 2000, são modernas e geram aversão aos mais tradicionais que nunca dispensam o uso de um Saca-Rolhas. Todavia, as rolhas de vidro são inertes, não possuem sabor ou cheiro, o que evita a interferência nos aromas e sabores do vinho. Possui ótima vedação, graças a um anel de silicone que envolve a rolha, o que zera o risco de contaminações. Screw Cap (Rosca) A screw cap é a famosa tampa de rosca, uma tampa de material metálico de rosca, com cobertura interna feita de plástico inerte que impede que o vinho entre em contato com o oxigênio. Esta é, justamente, uma das principais vantagens das screw cap, não deixar o vinho bouchonné (expressão usada para dizer que a bebida está contaminada por fungos da rolha), além disso é muito fácil de manusear e remover (sem necessidade de um Saca-Rolhas, por exemplo), sua produção é de baixíssimo custo e todo seu material é reciclável. Também, zera os riscos de contaminação, mesmo com a garrafa em pé, mas não há certeza quanto a sua longevidade, por isso é usada em vinhos jovens, com pequeno potencial de guarda. Os rótulos do Velho Mundo ainda possuem certa restrição quanto as tampas de rosca, sendo mais comuns nas vinícolas do Novo Mundo. Pois, é... Há rolhas e rolhas, mas o importante mesmo é removê-las para apreciar o que há dentro: o Vinho!

  • Como escolher bons Vinhos de Mesa?

    Conforme nos aprofundamos no mundo dos vinhos, naturalmente, vamos abandonando os vinhos de mesa e consumindo (quase que exclusivamente) os vinhos finos. Passamos a nos preocupar com nome de uvas, regiões demarcadas, países de origem, e por aí vai... Mas, será que, mesmo para profundos conhecedores e degustadores de vinho, é possível encontrar bons rótulos de vinhos de mesa? Claro, este post lhe mostra como! Se você ainda não conhece as diferenças entre os vinhos de mesa e os finos, confira aqui. O mercado nacional consome muito mais vinhos de mesa do que finos. Em 2018 foram consumidos no Brasil (levando-se em consideração o consumo per capita de pessoas acima dos 18 anos, é claro) 1,22 litros de vinhos de mesa contra 0,71 litros de vinhos finos. Então, acho super justo falarmos um pouco mais sobre como escolher um bom vinho a partir de uvas de mesa e não apenas de nossas preciosas uvas finas. Então, aí vão algumas dicas! Fique atento a região produtora Há muitos vinhos de mesa de boa qualidade produzidos no Brasil e na América do Sul, como Chile e Argentina. E até alguns oriundos da Europa, de lugares como França, Portugal e Espanha. Ou seja, algumas das regiões famosíssimas por produzir vinhos finos, também geram rótulos de mesa, que, na maioria das vezes, são mais simples e mais baratos. Estes locais, e suas vinícolas (até pela reputação que possuem) dificilmente produzirão vinhos de má qualidade. Conheça as uvas Pois é, mesmo quando falamos de vinhos de mesa, há uvas e uvas. Conhece-las pode te ajudar bastante na hora de escolher um rótulo em meio as imensas adegas dos mercados. Cepas como Isabel, Bordô, Niágara, Concord, entre outras, são algumas célebres na produção de vinhos de mesa, assim, sempre que houver estes nomes no rótulo da bebida, tu podes ter uma noção da qualidade e sabores que podem haver naquele vinho (variando, é claro, pelo processo de produção, bem como os vinhos finos). A Bordô, por exemplo, combina com pratos mais apimentados, carnes brancas ou vermelhas mais encorpadas, risotos, pizzas e massas em geral. Já a Isabel se dá bem com pratos leves e pouco condimentados, churrasco, massas suavemente temperadas, risotos, pizzas e sobremesas. Observe a garrafa e suas informações Sempre observe (e isso serve para qualquer vinho que fores comprar) o estado de conservação da rolha e a integridade da cápsula, isso vai lhe garantir que não há danos a bebida. Atente à cor do líquido interno, ele deve coresponder ao vinho em questão (por exemplo, um vinho tinto de coloração âmbar é sinal de problemas, afinal esta não é a coloração que se espera desta bebida). Também, os vinhos classificados como de mesa costumam trazer um teor alcoólico que varia de 10% a 13%. Aos mais exigentes, podes consultar algumas pontuações, muitos especialistas pontuam, não apenas os vinhos finos, mas também os vinhos de mesa (embora sejam minoria). Gostou de nossas dicas para escolher um bom vinho de mesa? E tu, preferes os vinhos finos ou de mesa?

  • Vinhos Fortificados

    Tu conheces os vinhos forticados? Basicamente são tipos de vinhos que possuem aguardente vínica ou outro tipo de destilados somados a sua fabricação. O resultado deste processo são bebidas com teor alcóolico bem maior e são considerados mais fortes que os demais vinhos. Apesar da adição de destilados este vinho contém em sua composição 100% de uvas, o álcool e o açúcar destas bebidas vêm da própria fruta. Este processo modifica o vinho por completo, não apenas sua graduação alcóolica que salta dos 12%, ou 13% para incríveis 14% a 23% (número bastante alto para vinhos). Este amadurecimento da bebida gera rótulos bem diversos, de secos a doces, com sabores potentes e texturas mais espessas que o normal. Abaixo segue um pouco mais sobre alguns dos fortificados mais famosos: Vinho do Porto Produzido exclusivamente na Região Demarcada do Douro, no Norte de Portugal, este vinho é mundialmente célebre. Naturalmente é bastante forte e doce, seu teor alcoólico fica entre 19% e 22%. A fermentação do vinho do porto é interrompida com a adição de aguardente vínica dois ou três dias após o início. Existem dois subgrupos, os Tawny (envelhecido de tonalidades mais claras e aromas de frutas secas) e os Rubi (jovens com tonalidade tinta mais escura e intensa, de aromas mais frutados). Xerez/Jerez O vinho de Xerez, ou Jerez (derivado do castelhano), é um vinho típico da Espanha da região protegida de Jerez de la Frontera. É produzido a partir de uvas brancas e em seu processo é fortificado antes e depois da fermentação. Por isso apresenta rótulos mais secos, com toques sutis de dulçor. Marsala Este é um vinho de produção italiana, da Sicília, que recebe conhaque a sua composição. Há, de maneira mais dois grupos de rótulos produzidos, um mais jovem e com menor concentração de álcool (17%), outro (o Superiori) é envelhecido, no mínimo por dois anos, o que lhe atribui maior teor alcóolico (18%). Ainda existem alguns subgrupos divididos pela sua aparência, oro, ambra, ubino, e pelos açúcares, secco, semisecco e dolce. Madeira Outro fortificado português é produzido na Ilha da Madeira, é um vinho bastante forte fabricado nas versões seco e doce. Os secos são normalmente harmonizados com aperitivos, enquanto os doces são servidos com sobremesas. Algo curioso é que os vinhos da região da Madeira são famosos por serem muito antigos, alguns só são comercializados após quarenta anos de envelhecimento - claro que os preços não são lá muito convidativos, cerca de €$300 a €$500, ou seja uns R$2.000 a R$4.000. E, aí? O que vocês acham dos vinhos fortificados? Conta aqui para a gente!

  • Como servir Vinho?

    Então tu resolves fazer aquela reunião social, um jantar romântico ou mesmo curtir um filme ou um bom livro. Nada melhor do que servir um vinho para acompanhar, certo? Pois é, mas como tudo no mundo dos enófilos, há sempre uma etiqueta a se seguir. Afinal, beber vinho é uma arte – sentir os aromas, decifrar os sabores, apreciar as cores, mas antes de tudo isso precisamos saber como servir corretamente o seu vinho... Não irei me aprofundar muito, a ideia aqui é explicar, sucintamente, como servir um vinho, não tecer longos comentários ou escrever uma tese para a formação profissional, como fazem os cursos de sommelier. Então, vamos a algumas regrinhas básicas que ajudarão no seu dia a dia: Higiene Antes de tudo, limpeza. É bastante desagradável comer e beber se não estamos seguros quanto aos procedimentos de higiene do que iremos consumir. Uma garrafa de vinho pode ficar armazenada por muito anos, depois é transportada até um mercado ou loja especializada, onde passa mais um tempinho, até chegar na sua casa, onde podes guardar ainda mais. Todo esse tempo e mudanças faz com que a garrafa careça de uma higienização antes do consumo. Nada demais, basta passar um pano para remover a poeira, principalmente próxima ao gargalo. Isso gera um aspecto de limpeza e assiduidade, mesmo que a garrafa seja apenas um recipiente o vinho merece tal cuidado! Oxigenação Normalmente, recomenda-se que o vinho seja aberto em frente a todos que irão consumi-lo. É uma forma de garantir que a garrafa estava bem vedada e que não houve qualquer adulteração do produto, porém, caso queiras servir um vinho tinto mais encorpado, minha dica é que o abra previamente para que ele possa oxigenar antes dos convidados começarem a beber, meia hora é suficiente, ou podes usar um decanter. Aqui em casa, quando vou fazer um jantar para harmonizar com um tinto encorpado, eu abro a garrafa antes de começar a preparar a comida, assim ele estará perfeitamente oxigenado na hora de comer – também isso me permite roubar uma taça por estar cozinhando! Outro ponto importante é atentar a temperatura correta de serviço do vinho, temos um post aqui só sobre isso! Abertura Abrir o vinho é uma dúvida que muitos ainda tem, os Saca-Rolhas disponíveis hoje no mercado são inúmeros, por isso não há uma só forma de abrir a garrafa. Mesmo assim essa parte exige cuidado, pois, se a rolha estourar (quebrar ou ser esfolada dentro da garrafa) isso vai lançar impurezas, pedacinhos de rolha, na sua bebida. Não preciso nem dizer que isso é bastante desagradável, por isso cuidado ao abrir uma garrafa de vinho. Sem pressa, seja cuidadoso, quando pegar o jeito de usar o modelo de Saca-Rolhas que escolhestes fará tudo bem rapidinho! Antes de tirar a rolha é necessário remover a cápsula (aquele invólucro que envolve o pescoço da garrafa) o ideal é remover apenas a parte sobre o gargalo, para tal existe uma pequena lâmina serrilhada no Saca-Rolhas, basta fazer um corte superficial abaixo do bico da garrafa e puxar a cápsula. Logo que fizer isso o topo da rolha estará visível no gargalo, com a ponta do espiral do Saca-Rolhas, faça um pequeno furo no centro da cortiça e vá girando, tranquilamente, penetrando o espiral dentro da rolha. Mantenha-se reto para que o espiral entre perfeitamente na vertical, nunca na diagonal, para evitar que a rolha esfarele ou quebre. Depois basta puxar a rolha para fora da garrafa, apoiando o suporte do Saca-Rolhas no bocal do recipiente – como uma alavanca. Serviço Com a garrafa aberta é hora de servir aqueles que irão beber. Lembre-se que, por uma questão de educação, aquele que serve deve experimentar o vinho primeiro para ter certeza de que a bebida está em boas condições para ser bebida, também para caso algum resquício de rolha fique na primeira porção servida. Para servir mantenha uma pequena distância entre a boca da garrafa e a borda da taça, assim a bebida pode respirar enquanto cai do recipiente. Além disso, jamais encha demais a taça, o ideal é no máximo 2/3 do recipiente para os Tintos e 1/2 para os Brancos, os Espumantes podem ser servidos até 3/4 da taça. Ter um corta-gota pode auxiliar a não escorrer aquela gota pela garrafa após servir a bebida. Viu só? Pode até parecer difícil, mas é bem simples. Agora só resta curtir o seu vinho!

  • Malbec, a joia da Argentina

    Apesar de se popularizar graças aos viticultores argentinos, a cepa é de origem francesa. Por ser vista como uma casta frágil, após a grande praga que assolou a Europa, a uva passou por maus bocados em seu país de origem até a ressignificação que conquistou o mundo por meio dos rótulos desenvolvidos por nossos Hermanos! A uva Malbec é originária da região de Bordeaux, na França, em especial a cidade de Cahors, onde seu nome varia para Auxerrois, Pressac ou Côt Noir. O nome pelo qual ficou famosa aqui na América do Sul advém, provavelmente, do viticultor húngaro Malbeck, responsável pela ampliação do cultivo e expansão desta uva por toda Europa. A cepa foi bastante cultivada nesta região, Bordeaux, porém a Filoxera (a mais devastadora praga que atingiu a viticultura mundial, a partir de finais do século XIX) levou os franceses a verem esta casta como mais frágil que as demais e sua produção decaiu. No ano de 1956, uma geada fortíssima devastou cerca de 75% das plantações de Malbec na região, após isso os produtores franceses acabaram substituindo de vez a uva (sobretudo pela tinta Merlot, menos passível às intempéries e mais regular em suas safras). Vale ressaltar que, ainda hoje, pelo menos na cidade de Cahors, a Malbec ainda representa a maior parte da produção (cerca de 70%). Todavia, no cenário nacional francês, a cepa não é muito expressiva. Em 1868, o agrônomo francês Michel Pouget foi contratado para intervir nos vinhedos da região de Mendoza, iniciando um programa de melhoria na produção de vinho. Para tal, Pouget levou consigo algumas castas francesas para testar no terroir mendocino, entre elas estava a Malbec. Alguns dizem que o agrônomo foi levado à Argentina por Domingo Faustino Sarmiento, um célebre autor e influente político que foi presidente do país entre 1868 e 1874. Mas, enfim, a casta se adaptou muito bem às características que a Argentina lhe ofertava (solo mais seco e maiores altitudes), todavia, sua produtividade não era tão expressiva quanto a de outras espécies e, por mais um tempinho, permaneceu como coadjuvante. Com o passar do tempo, os vinhos produzidos com Malbec foram conquistando consumidores e especialistas e, graças a muitos experts de todo o mundo, tornou-se o vinho mais desejado da Argentina. Diferente da produção francesa, a produção mendocina apresentou uma cepa de grande mobilidade, gerando desde vinhos simples e fáceis de consumir, até vinhos potentes, de boa complexidade, com muitos estratos de sabor. A uva se transformou na Argentina e, assim, ganhou o mundo! A Malbec é uma cepa tinta de taninos muito marcantes, possui uma casca bem grossa e que (quando cultivada em clima mais quente e seco, mais próximo da realidade argentina do que da francesa) produz um vinho de cor escura, sabor frutado e seco, taninos elegantes e macios, bastante aromático e com pouquíssima acidez. Justamente por essas características é o vinho perfeito para acompanhar uma parrillada - o autêntico churrasco argentino, que é feito na grelha, chamada parrilla, e consumido com a carne rugosa, mal passada (Mas é sério, independentemente de como gostas da carne, Malbec e churrasco é uma combinação fantástica!). Cabe ressaltar, porém, que a Malbec francesa apresenta outros caracteres, gerando um vinho tânico e ácido, com notas que rememoram o tabaco, o couro, a baunilha ou violetas. Hoje a produção argentina de Malbec equivale a 60% de todo o cultivo mundial e é certamente a uva mais famosa e desejada pelos consumidores que buscam vinhos argentinos. Os rótulos são inúmeros e certamente vais achar um que é a tua cara. Outro fator crucial é que, devido à proximidade geográfica, podemos encontrar ótimas opções a preços bastante acessíveis... O que achou? Se não conhecias a Malbec, dê uma chance a esta cepa que é uma verdadeira joia na Argentina, vais se surpreender. Até mais e Saúde!

  • A França e seus Vinhos

    Ah, les beautés de la France. Provavelmente os mais famosos, mais valorisados (às vezes os mais caros) vinhos vêm da França. O país é um verdadeiro queridinho do mundo dos vinhos por possuir as mais tradicionais regiões produtoras e ser a maior referência atual, em termos de produção, técnicas e terroirs. A França inspira vinícolas ao redor do globo, portanto é interessantíssimo conhecermos mais sobre esta que é a maior potência vinícola do mundo, produzindo cerca de 4,6 bilhões de litros de vinho por ano, e possuindo o maior mercado consumidor (per capita) da Europa. Mais do que um gigante produtor de vinho, a França possui uma forte cultura vinífera. O vinho faz parte da vida do povo francês, parte fundamental de sua dieta e motivo de orgulho em toda a nação. Há, inclusive, uma história bastante interessante sobre a importância do vinho para os franceses: Em 1999, o presidente do Irã, Mohammed Khatami, cancelou uma viagem à França, pois ele (de religião mulçumana, portanto abstêmio) havia exigido que não servissem quaisquer vinhos, ou bebidas alcoólicas, em geral, no banquete oferecido no Palácio do Eliseu (residência oficial do presidente francês). A resposta da França, é claro, foi "Não", alegando que a tradição de consumo de vinho é cultural, uma parte da essência e da alma francesas. Desenrolou-se aí uma crise diplomática entre os países, tudo por conta do Vinho... Histórias à parte, a França possui mais de 15 regiões vinícolas, entre elas algumas das mais famosas do mundo. Nelas são produzidos os vinhos AOC (Appellation d'origine contrôlée), de origem controlada e que obedecem rigorosas legislações, específicas para cada uma das regiões. Além dos AOC, os franceses produzem também os VDQR (Vin délimité de qualité supérieure), os Vin de Pays (Vinhos regionais) e os Vin de Table (Vinhos de mesa). Para explorarmos os vinhos, as uvas e os roteiros deste belíssimo país, vamos fazer um pequeno tour por algumas das regiões vinícolas da França: Borgonha A reputação dos vinhos de Borgonha os precede, lá são produzidos os rótulos mais desejados e mais caros de todo o país - alguns chegam a custar dezenas de milhares de reais. Nesta região 48% das uvas plantadas são Chardonnay, 34% Pinot Noir, 10% Gamay e 6% Aligoté. Outros 2% são variados com cepas como Sauvignon, César, Pinot Beurot, Sacy, Melon e outras. A região de Borgonha tem, apenas, 100 denominações reconhecidas de origem e, se estiveres a fim de gastar uma grana, todo mês de novembro há um leilão de rótulos borgonheses em Beaune. Bordeaux A região de Bordeaux, literalmente “au bord de l’eau” (a beira da água), é cortada pelos rios Garona e Dordonha. Justamente por isso possui um solo diferenciado, que muito favoreceu a vinicultura. A região engloba cerca de 120 mil hectares de vinhedos, neles 65% da produção são da cepa Merlot, 23% Cabernet Sauvignon, 10% Cabernet Franc e 2% de outras castas diversas, como Petit Verdot, Malbec e Carménère. Entre as uvas brancas, 49% da produção são Sémillon, 43% Sauvignon Blanc, 6% Muscadelle e 2% de outras, como Colombard, Merlot Blanc, Sauvignon Gris e Ugni Blanc. Jura A região de Jura, no leste da França, quase na fronteira com a Suíça, produz vinhos que, cada vez mais, tem chamado a atenção de especialistas e consumidores. As principais tintas da região são a Poulsard (ou Ploussard) e Trousseau, Chardonnay lidera entre as brancas. Há, também, o célebre vinho amarelo ou Vin Jaune, uma colheita tardia de Savagnin, engarrafados após exatos seis anos e três meses de barrica. A comparação do Vin Jaune com o Vinho de Jerez é quase imediata, são bastante similares! Champagne Champagne é uma daquelas regiões que todos conhecem, mundialmente reconhecida pelos espumantes. Suas cepas mais famosas são Chardonnay (que correspondem quase a totalidade das uvas brancas plantadas na região), Pinot Noir e Pinot Meunier, porém são produzidos também ótimos rótulos com as uvas Arbane, Petit Meslier, Blanc Vrai (Pinot Blanc) e Fromenteau (Pinot Gris). Rhône Uma das mais antigas regiões vitivinícolas francesas, Rhône é uma produtora de vinho desde o período romano, com fontes que rememoram ao século I a.C. Entre as cepas tintas há predominância da Syrah e Grenache, entre as brancas Viognier, Marsanne e Roussane. Vale do Loire Os vinhos brancos são o destaque da região do Vale do Loire, patrimônio mundial pela UNESCO desde 2000, produz ainda tintos, rosés e espumantes. Além de contar com castelos e cenários dignos dos livros de fantasia. É a maior região produtora de vinhos brancos, secos e doces, sendo a uva Chenin Blanc a única permitida para a elaboração dos doces. Sudoeste Francês Vinhos tintos, encorpados e potentes em sabor são a marca do Sudoeste da França. Outra característica destes vinhos é a cor escura, alguns rótulos são tão escuros que foram apelidados de "vinhos pretos". Malbec, Tannat e Merlot são exemplos de famosas castas tintas da região, entre as brancas há Sauvignon Blanc e vinhos brancos doces, através de colheita tardia. Alsácia Pertinho da fronteira com a Alemanha (o que foi motivo, inclusive, de guerras ao longo da história) a região da Alsácia produz famosos vinhos brancos, secos ou doces, com cepas como Riesling, Sylvaner, Muscat, Pinot Gris, Pinot Blanc ou Gewürztraminer. Além da tinta Pinot Noir. Languedoc O nome dessa região é fruto de uma divergência linguística, os povos que ocupavam a França durante a Idade Média possuíam duas maneiras de dizer sim: “Oïl”, como diziam no Norte, ou “Oc” como diziam no Sul. Assim, os povos sulistas eram conhecidos como a terra da Língua do OC (Langue d’Oc) – daí o nome, Languedoc. Essa região produz, de maneira ímpar, vinhos tintos encorpados, bastante robustos e frutados. Destacam-se as cepas Syrah, Grenache e Mourvèdre, além de Cabernet Sauvignon, Viognier e Chardonnay, ainda que estes últimos sejam, geralmente, vendidos sob a nomenclatura de Vin de Pays. Provence A Provence (ou Provença, em português) é uma região bastante singular da França, por suas paisagens, gastronomia e, é claro, vinhos! É uma das poucas regiões vinícolas em que o destaque é o vinho Rosé, sendo uma das maiores referências globais na produção destes vinhos. Normalmente seus rótulos trazem bebidas elegantes de cor bastante clara, entre as principais cepas estão Syrah, Grenache, Cinsault, Mourvèdre, Tibouren e, mais raramente, Carignan e Cabernet. Charente Saindo um pouquinho do circuito dos vinhos, vale a pena citar a região de Charente cujo foco é a produção de Conhaque (Cognac), produzido exclusivamente com uvas da região de Cognac que são destiladas em vasos de cobre e envelhecidas por pelo menos dois anos! (Lembre-se que apenas o conhaque produzido nesta região é que pode receber o nome de Cognac, os demais são chamados Brandy). Enfim, depois de tudo isso dá para ter uma noção do porquê da importância da França para o mundo vitivinífero. Apesar dos tempos de pandemia, podemos conhecer um pouquinho mais sobre a França por meio de seus vinhos. Então, abra uma garrafa e Santé!

  • Vinho com Pipoca, pode isso?

    Ah... pipoca! Só o cheiro de milho estourando na panela já nos deixa com água na boca. Se tu és um pipocólatra este post é para ti: Veja como harmonizar vinhos com diferentes tipos de pipoca. Tua sessão de filmes ou séries ficará ainda mais saborosa com uma taça de vinho e um balde enorme de pipoca! Pipoca Salgada A boa e velha pipoca com sal! O sal é um grande potencializador de sabores e há quem não abra mão de uma pipoca bem salgadinha. Além disso, o sal ameniza a intensidade de acidez e acentua a citricidade e frescor do vinho. Para harmonizar com este tipo de pipoca aposte em um vinho jovem, de corpo leve e acidez acentuada - minha dica é um bom Chardonnay ou um espumante Brut! Outra ideia legal é combinar vinhos mais ácidos com temperos que possuam acidez, como lemon pepper, por exemplo. Caso tu prefiras as versões mais lights, feitas sem óleo em pipoqueiras elétricas, ou se consomes a pipoca sem sal, vale a pena experimentar a harmonização com um Rosé Frisante, afinal este tipo de pipoca não possuí gordura ou sal que justifique vinhos mais ácidos ou encorpados. Pipoca com Manteiga Um dos melhores amigos da pipoca é, sem dúvida, a manteiga. Ela adiciona bastante sabor e gordura, por isso exije um vinho capaz de harmonizar com esta gordurinha extra. Se quiseres um vinho branco recorra aqueles com maior potência, com passagem em barrica de carvalho, como um Riesling. Se preferes um tinto, opte pelos mais leves, como um Pinot Noir ou Gamay. Vais gostar! Pipoca Temperada Há quem faça da pipoca um verdadeiro experimento: especiarias, ervas, alho, pimenta, curry, páprica, glutamato monossódico... Se gostas de carregar no tempero da pipoca faça tua harmonização com vinhos mais intensos, que tragam acidez e frescor, como a branca Gewürtraminer ou a tinta Merlot. Pipoca com Queijo Outra formidável combinação é pipoca e queijo, geralmente são mais usuais queijos duros como parmesão, provolone e gruyère, ou moles como brie, camembert e cheddar (em sua versão cremosa). Em ambos os casos a potência de sabor da pipoca aumenta consideravelmente, por isso o corpo do vinho deve ser maior também. Opte pelos tintos com mais corpo e tâninos macios, como Syrah ou Cabernet Sauvignon. Pipoca Doce Quando falamos de pipoca, alguns não dispensam as versões doces, as receitas com caramelo ou chocolate estão entre as mais famosas. Neste caso a vasilha de pipoca se torna uma vasilha de sobremesa, por isso as harmonizações seguem a regra dos doces - o vinho deve ser igualmente ou mais forte do que a sobremesa consumida. Logo, vamos em busca de um vinho tão adocicado quanto a pipoca: os tintos fortificados, como o Vinho do Porto, ou espumantes do tipo Moscatel são ótimas pedidas. Para quem faz questão de um vinho seco o Pinot Noir é uma boa combinação para as pipocas com chocolates. E então? Agora tens de provar, pois lhe garanto que logo vais querer que os vinhos substituam os refrigerantes nos Cinemas! Até que não é má ideia...

  • Qual o Vinho mais caro do Brasil?

    A garrafa de vinho produzida em Garibaldi, no Rio Grande do Sul, é de safra 2002 e vendido em três opções: Cabernet Sauvignon, Tannat ou Nebbiolo. Segundo a ABS-RS (Associação Brasileira de Sommeliers - Rio Grande do Sul) este é o exemplar brasileiro mais caro atualmente! Produzido pelo vinhateiro Vilmar Bettú, quem quiser experimentar um destes rótulos terá que desembolsar impressionantes R$5.000,00! Bettú se tornou legendário no mercado nacional de vinhos, famoso principalmente pelas microvinificações. Possui uma pequena propriedade familiar no interior de Garibaldi onde mantêm 98 rótulos (entre varietais e blends). O produtor, até poucos anos, trabalhava como professor de física em uma escola estadual da região e hoje comercializa suas produções na vinícola do porão de sua casa - local em que recebe visitações de grupos de até dez pessoas. Seus vinhos são vendidos a partir de R$130, os rosés, indo até R$380, os Cabernet Sauvignon, Tannat e Nebbiolo (em opções com mais de 10, 15 anos). Os rótulos de R$5 mil são poucos, chegam a este valor pois Bettú adota ferozmente a lei da oferta e da procura - quanto menos garrafas disponíveis, mais caro é o vinho! Estes rótulos são raros, existem apenas três garrafas de cada uva (nove no total) e por isso o produtor cobra caro para quem for retirar dele tais preciosidades. Bettú diz ainda que esta estratégia evita que um único cliente compre muitas garrafas, difundindo mais o seu produto, ademais isso é uma forma de seu árduo trabalho ser bem remunerado. O produtor alerta ainda para o fato de que não há ”nada de especial” nestas garrafas, senão por sua raridade (dado ao baixo número de exemplares), eles são produzidos da mesma forma que as outras safras disponíveis em sua vinícola. E então, pagaria R$5 mil em 750ml de vinho? Aliás, vale lembrar que (entre os vinhos importados) há opções bem mais caras, como o francês Chateau Cheval que pode superar os R$10 ou R$20 mil a unidade. E aí, será que dá para parcelar?...em alguns anos?!

  • A Temperatura ideal para o Vinho

    Fresco, gelado, quente? Qual a temperatura correta para consumir cada tipo de vinho? Tu já percebeste que um mesmo vinho pode apresentar sabores e aromas diferentes de acordo com a temperatura e tempo de oxigenação com que se consome? A temperatura influencia fortemente na experiência gustativa e apreciação de um rótulo, por isso é fundamental saber em que temperatura beber teu vinho... O vinho é uma bebida delicada, com profundos e variados estratos de sabor que podem ser facilmente mascarados pelo excesso de temperatura, ou por estarem demasiadamente frios. Beber vinho exige certas práticas e cuidados para aproveitar ao máximo a bebida. Entre estes detalhes estão o cuidado com a temperatura, oxigenação, escolha da taça e quantidade de líquido para melhor degustação. Já falamos aqui um pouco sobre a taça e quantidade ideal para desfrutar seus vinhos, hoje, porém, focaremos apenas na temperatura de consumo. Para tanto, primeiro, precisamos fazer a diferenciação entre os Tintos, Brancos, Rosés e Espumantes, uma vez que cada um destes tipos de vinho possui uma temperatura de ingestão padrão. Tintos e Fortificados Os vinhos tintos são feitos para serem ingeridos em temperatura ambiente. Mas cuidado! Quando os produtores falam em “temperatura ambiente” normalmente isto está pautado nos padrões europeus, nenhum vinho deve ser consumido acima dos 20ºC (pois além desta temperatura a evaporação do álcool é bastante acelerada). Aqui, em terras brasileiríssimas, a temperatura ambiente costuma extrapolar esta medida, por isso é comum resfriarmos os vinhos tintos antes de beber (deixando-os para fora da geladeira um pouco antes de se consumir, visando elevar um pouco a temperatura da bebida). Ainda, pode-se colocar a garrafa em temperatura ambiente dentro de um balde com gelo para evitar que supere a fatídica marca de vinte graus Celsius. Com um investimento um pouco maior, as adegas climatizadas garantem sempre a temperatura ideal, sem necessitar de qualquer processo de resfriamento. Ou, se você vive em uma das raras cidades álgidas deste país, podes facilmente consumir seu vinho tinto sem resfriá-lo ou climatizá-lo. Os tintos de corpo leve, ou mesmo médio, precisam de temperaturas mais baixas do que os tintos encorpados e os vinhos Fortificados. O ideal fica entre 13º e 16ºC para os leves e entre 16º e 20ºC para os encorpados. Brancos, Rosés e Espumantes Os vinhos brancos são comumente consumidos em temperaturas mais baixas, sendo necessário, portanto, um processo de resfriamento mais eficaz do que no caso dos tintos. Podes facilmente deixá-lo na geladeira, ou no balde com gelo, até que esteja abaixo dos 13ºC. Aqui também há diferenciações: os vinhos brancos mais leves, assim como os Espumantes ou Frisantes, precisam ser mais resfriados, os vinhos brancos mais encorpados e os Rosés podem atingir temperaturas superiores. Cerca de 7º até 13ºC para os mais encorpados e entre 3º e 7ºC para os mais leves ou espumantes. Para lhe ajudar, vale lembrar que a da geladeira (lógico que isso varia de acordo com a marca e o modelo) mantém em sua porta uma temperatura de no mínimo 12ºC, no seu centro cerca de 6ºC e no fundo (próximo a placa fria), cerca de 3ºC. Logo, um tinto pode ficar por até duas horas na porta da geladeira, um branco pode ser colocado no centro do refrigerador e um espumante pode ir ao fundo do aparelho. É altamente desaconselhável colocar uma garrafa de vinho no freezer ou congelador, além de ser prejudicial à bebida há possibilidade de que o vidro estoure. DICA: Uma dica legal, caso ainda reste alguma dúvida, é que muitos produtores imprimem no verso do rótulo a temperatura ideal que aquele vinho deve ser bebido. Além disso, atualmente muitos enófilos incluem em seu “kit de sobrevivência” um termômetro culinário para sempre cravar a temperatura correta do vinho. Todavia isso não é nada essencial, como sempre alertamos: o seu paladar é soberano e, apesar desta ser a forma mais precisa e indicada de consumo do vinho, tu podes beber da maneira que preferires. Saúde!

  • Vinho com pratos tipicamente Brasileiros

    Isto aqui, é um pouquinho de Brasil, iá iá! Ah, a nossa gastronomia é fantástica, do arroz com feijão do dia-a-dia até o mais requintado bobó de camarões, não há quem se desagrade da culinária brasileira. Aliás, por que não melhorar o que já é bom com um pouco de vinho? Aí vão algumas dicas para harmonizar pratos tipicamente brasílicos com ótimos rótulos de vinho! Feijoada Poucos pratos são tão brasileiros como a feijoada, um prato de influências europeias, ingredientes indígenas e origens africanas. Devido ao seu sabor salgado, defumado e gorduroso é necessário ter atenção na hora de harmonizar sua feijuca com vinho. Dê preferência aos rótulos que tragam acidez e taninos persistentes. Caso prefira um branco, busque por vinhos Alvarinho, do Norte de Portugal, que, quando amadeirados, casam bem com a complexidade de sabores de uma feijoada. Para os tintos, opte pelo Tannat ou Syrah, cuja força e potência de sabor, além de taninos bastante presentes, combinarão com a gordura de seu prato. Churrasco Nosso churrasco é mundialmente famoso. Caso não saiba, as clássicas churrascarias gaúchas (em estilo de rodízio) são restaurantes refinados no exterior. Evidente que o vinho escolhido para harmonizar com churrasco dependerá do tipo de carne que escolher. Contudo, grosso modo, os vinhos mais tânicos e potentes combinam bem com os diferentes cortes de carne, cepas tintas como Tannat, Malbec, Syrah ou Cabernet são opções maravilhosas para acompanhar seu churrasco! Acarajé O clássico bolinho de feijão fradinho é um dos maiores exponentes da gastronomia baiana, a receita foi trazido pelos escravos e se tornou uma iguaria brasileira. Os recheios são diversos como vatapá, caruru, camarão seco, fresco e/ou pimenta. Para harmonizar seu acarajé com vinho aposte nos rosés ou brancos, bem frescos e ácidos, sem processo de barrica, ou, ainda, os vinhos espumantes. Minha dica é o Vinho Verde português, sobretudo nas opções frisantes. Arroz Carreteiro Arroz, carne seca, embutidos, bem refogados com cebola, alho e temperos, esta é a base do arroz de carreteiro. Sua complexidade de sabores pede um bom vinho tinto, com passagem em barrica, mas não muito encorpados ou com taninos muito agressivos. Boas opções são uvas como Pinot Noir, Merlot ou Tempranillo. Feijão Tropeiro Um clássico mineiríssimo, traz a junção de dois ingredientes super brasileiros: farinha de mandioca e feijão. Traz, ainda, ovos, carnes diversas e embutidos, além de temperos à vontade. Para harmonizar com vinhos busque por aqueles de bom corpo, boa acidez e passagem por madeira, assim complementa-se os sabores do prato e combate o excesso de gordura. Um Chardonnay amadurecido em barrica, ou um Tempranillo menos marcante, podem ser boas opções para acompanhar um feijão tropeiro. Moqueca Um prato muito revigorante, com diversos elementos brasileiros, a moqueca é um super clássico. Seu sabor é leve e perfeito para os fãs de frutos do mar, com leite de coco, dendê e muitos condimentos, seu sabor se torna ainda mais marcante. Para esta refeição convém os vinhos brancos mais encorpados ou rosés, que combinam muito com o dendê. O aroma forte destas bebidas irá se igualar à complexidade e elegância da moqueca. Barreado O barreado é um delicioso cozido de carne bovina e temperos, levados ao fogo lentamente até que a carne desmanche. Posteriormente o cozido é misturado à farinha de mandioca para ganhar consistência e se tornar o clássico prato paranaense. Para harmonizá-lo é necessário um vinho de bom corpo e bem estruturado, como um Malbec argentino ou um Carménère ou Merlot com passagem em barrica. Pão de Queijo Que brasileiro não gosta de um pãozinho de queijo recém saído do forno? Pode parecer que não, mas dá para harmonizar o clássico lanchinho mineiro com um bom vinho. Como sua base é o queijo é necessário um vinho aromático, ácido e complexo, mas não demasiadamente potente para não mascarar o gosto do pão de queijo. O ideal é apostar nos brancos, como o Riesling. Brigadeiro Por último, mas não menos importante, algo para adoçar nossa lista: o brasileiríssimo Brigadeiro. Por sua base ser o leite condensado esta sobremesa possui sabor bastante doce e fortemente marcado pelo chocolate (principalmente nas versões mais amargas). Para harmonizar o vinho não deve ser ácido, pois sua acidez será demasiadamente acentuada. Opte pelos tintos de corpo leve ou médio, como Pinot Noir, Merlot e Carménère. Ainda podes harmonizar com vinhos doces ou fortificados, tintos ou brancos, como o vinho do Porto, por exemplo. E aí? Viu como o vinho pode combinar muito bem com todos estes pratos cheios de brasilidade? Então, agora é só preparar sua receita favorita e abrir uma garrafa. Bom apetite e Saúde!

  • A Itália e seus Vinhos

    Historiadores afirmam que foi a partir do Império Romano que a prática de consumo do vinho se difundiu amplamente por toda Europa. Tal foi a influência dos itálicos que os gregos chamaram a antiga região do sul da Itália de Enotria, ou Terra das Vinhas. O Império ruiu, mas o vinho ficou! Até hoje a Península Itálica, que abrigou o centro do mundo romano, permanece sendo um dos maiores e mais célebres produtores de vinho de todo o mundo. Neste post trazemos informações para ti que queres conhecer um pouco mais sobre os vinhos italianos, suas regiões vinícolas e seus processos enológicos! Há, sem entrar em pormenores, algumas classes de vinhos produzidos na Itália, as principais delas são: os Vinos de Tavola, os IGT, os DOC e os DOCG. Os Vinos de Tavola são aqueles produzidos em quaisquer das regiões italianas, sem procedência definida por lei, não podem trazer em seus rótulos o nome da(s) uva(s) utilizada(s), nem a safra e nem a região em que foram gerados - por isso alguns os chamam de vinho de mesa italiano. Apesar disso, esses vinhos representam 80% de toda a produção italiana. Cabe ressaltar que, embora não sigam as regras e normas daqueles de denominação restrita, nem sempre esses vinhos serão piores ou de menor qualidade. Há ótimas opções no mercado, alguns dos melhores vinhos da Itália estão nesta classificação! Temos também os Vinhos IGT (Indicazione Geografica Tipica), nomenclatura aplicada aos vinhos de mesa elaborados em regiões específicas da Itália. Estes podem trazer em seus rótulos o(s) nome(s) da(s) uva(s), a safra, a região de origem e o tipo do vinho. Ainda, existem os Vinhos DOC (Denominazione di Origine Controlata), assim classificados desde 1963, são aqueles que provêm de uma das mais de 300 regiões vinícolas italianas. Estes representam apenas 15% da produção do país, pois devem ser produzidos com uvas específicas e métodos enológicos precisos definidos para cada uma destas regiões. A partir de 1982, criou-se também os Vinhos DOCG (Denominazione di Origine Controlata e Garantita) como uma forma de diferenciar os melhores vinhos da Itália, os mais precisos e renomados dentre os DOC. Para compreendermos melhor podemos dividir as regiões italianas em cinco blocos, separados por suas especificidades geo-climáticas. São elas: Nordeste, Noroeste, Centro, Sul e Ilhas da Itália. Nordeste Italiano A região nordeste da Itália faz fronteira com a Suíça e a Áustria e possui três sub-regiões vinícolas, são elas: Friuli Venezia Giulia, Trentino Alto Adige e Veneto. O Friuli Venezia Gulia é famosa por seus varietais de uvas como Cabernet, Merlot, Pinot Bianco, Pinot Grigio e Tocai (a mais prestigiada dentre todas). Seus preços, contudo, ainda não são muito convidativos para nós brasileiros. A sub-região de Trentino Alto Adige é banhada pelo Rio Adige, nos Alpes da Itália, e possuí uma grandiosa fronteira com a Áustria. Tal área vinícola se divide em duas microrregiões: Trentino e Alto-Adige, ambas compartilham do clima gélido da região, mas cada uma com suas especificidades enológicas. Alto-Adige produz rótulos famosos de Traminer Aromatico (nome local para a uva Gewürztraminer), Carbenet e Pinot Nero. Trentino é conhecido por seus vinhos mais latinos, destacam-se os examplares tintos Terodelgo e Marzemino, além dos deliciosos espumantes a partir do método champenoise e do Vino Santo, um vinho branco licoroso. Por fim, temos Veneto (uma região de certa proximidade com o Brasil, pois desta região saíram muitos imigrantes que deram início a vinicultura na Serra Gaúcha), nesta área se destacam os tintos Valipolicella, os brancos Soave e os espumantes Prosecco. Noroeste Italiano A região noroeste da Itália se divide em quatro sub-regiões: Valle d'Aosta, Piemonte, Lombardia e Liguria. Todas elas são, quase completamente, encaixadas no continente europeu o que lhes garante um clima bastante frio, com temperaturas inferiores ao restante da península italiana. Em Valle d'Aosta são mais comuns as variedades de uvas autóctones (locais), da França e da Itália, algumas destas cepas remontam ao período romano na Europa. Barolo, Barbaresco e o espumante Franciacorta, são alguns exemplos desta região. Piemonte é a maior e mais famosa região vinícola do Noroeste italiano, produz ótimos rótulos das uvas tintas Barbera, Bonarda, Brachetto, Vepolina, etc., também as brancas Arneis, Chardonnay, Cortese, Moscato Bianco e muitas outras. Lombardia, região da famosa Milão, produz ótimos vinhos que infelizmente raramente chegam ao consumidor brasileiro, é famosa pelos espumantes e pelas tintas Barbera, Croatina, Cabernet Franc e brancas Chardonnay, Moscato e Pinot. Encerrando, há Liguria que produz vinhos pouco exportados, como em Lombardia, com destaque ao tinto Dolceacqua e o branco Vermentino. Centro Italiano O centro da Itália, conhecido como "cano da bota" (em alusão ao fato do mapa italiano se parecer com uma bota) é o que apresenta maior diversidade para a vinicultura, sobretudo por conta do clima altamente influenciado pelos mares, Jônico e Adriático, nos lados e pelos montes apeninos no centro. Esta área da Itália possui seis regiões vinícolas: Lazio, Toscana, Emilia-Romagna, Marche, Umbria e Abruzzo. Lazio, a região em que fica a capital do país, Roma, possui ao todo 30 denominações controladas. A Toscana possui, como um dos seus principais produtos, o vinho e o azeite, que são exportados para quase todo o mundo. Suas principais variedades são as tintas Sangiovese, Cilegiolo, Canaiolo Nero, Merlot e Cabernet Sauvignon, e as brancas Trebbiano e Chardonnay, produzidas a partir de uma das 59 denominações toscanas. Na região da Emilia-Romagna são produzidos Lambrusco, Sangiovese, Barbera, Trebbiano e Albana, principalmente, vinhos muito celebrados inclusive aqui no Brasil! A viticultura também é uma das principais culturas na região de Marche, lá 48% de toda a área destinada ao cultivo de vinhas são inscritas como Denominação de Origem, cerca de 11.040 ha. Em Umbria são 15 denominações a partir de diversas uvas. Por último, Abruzzo, uma região que possui nove denominações, nela há as famosas Masciarelli e Bonacchi. Sul Italiano A região mediterrânea da Itália, ao sul, possui altitudes menores e formam o salto e a ponta da bota. A alta incidência solar, a umidade proveniente do mar e o clima ameno são ótimas características para o cultivo de uva e produção de vinho. Suas sub-regiões são cinco: Puglia, Molise, Basilicata, Calabria e Campania. Puglia, a primeira destas regiões vinícolas, é mundialmente famosa pelos Primitivos, comumente marcantes e bastante perfumados. Molise possui 4 denominações e suas principais uvas são as tintas Tentilia, Sangiovese e Montepulciano, além das brancas Trebbiano, Greco, Cacaccione, Cacciadebiti e Bombino Bianco. Basilicata congrega 6 denominações, Calabria tem 13 denominações, Campania (a maior) possui 23, ambas as três sub-regiões apresentam grandes rótulos de Negroamaro, Primitivo, Fiano e Greco. Ilhas Italianas As ilhas italianas, Sardegna e Sicilia, possuem um terroir puramente marítmo e geram vinhos semelhantes ao do sul do país. Sardegna possui 20 denominações e a Sicilia 25, os brancos dominam a produção regional, sobretudo das uvas Catarrato e Inzolia, há bons tintos a partir de cepas como Nero d'Avola, Syrah e Merlot. Seja onde for, no norte ou no sul desta bela península há vinhos maravilhosos. Se você não puder ir ao continente europeu para provar estas delícias, saiba que uma boa garrafa de vinho pode levar um pedacinho da Itália para você. Lembre-se: Un buon vino è un viaggio!

  • Pode o Vinho auxiliar no combate ao Coronavírus?

    Pesquisa desenvolvida por cientistas chineses sugere que o Tanino, substância presente no vinho, pode agir como inibidor da infecção por Covid-19. Uma interessante pesquisa está sendo desenvolvida pela China Medical University, em Taiwan, buscando por substâncias que podem inibir a infecção humana pelo coronavírus. Em dezembro os pesquisadores publicaram na American Journal of Cancer Research um artigo sugerindo que o ácido tânico, o famoso tanino, tem funções inibidoras de “serina proteases virais e celulares críticas para a infecção viral”, conforme relato pela CNN Brasil. Além do tanino outras substâncias foram testadas, mas apenas ele apresentou a capacidade de inibir a atividade enzimática do vírus Sars-CoV-2, reduzindo em até 90% a sua atividade e, portanto, diminuindo a carga viral da doença. Mas, calma lá, não vás abrir toda a sua adega achando que ficarás livre da tão esperada vacina! Apesar dos incríveis resultados, não é possível afirmar que o vinho auxilia no combate à Covid. Primeiro, o estudo não é conclusivo, ainda faltam algumas etapas, pois, até o momento, a pesquisa foi realizada toda in vitro (isto é, não foram testados resultados em seres humanos). Segundo, mesmo que o tanino seja eficaz e possua efeito sobre o vírus, ainda é preciso que os pesquisadores entendam como o ácido tânico pode ser usado no combate à doença. Por enquanto não há ligação direta entre o consumo de vinho e o enfrentamento ao coronavírus. Vale lembrar, porém, que muitos médicos atentam ao fato de que o o consumo moderado, responsável e consciente de vinho pode auxiliar no combate a várias doenças. Há sólidos estudos que expõe os benefícios do tanino e de se beber vinho. Todavia, para saber se o vinho é eficiente na inibição do coronavírus teremos que esperar um pouco mais - isso ainda não é comprovado! Neste momento difícil temos que nos apoiar na ciência para que logo vençamos esta doença. Fique em casa, se puder, cuide da saúde, use máscara e (quando chegar a sua vez) vacine-se. Enquanto isso abra uma bela garrafa de vinho e Saúde!

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